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As propriedades terapêuticas das folhas de murta (Mirtus Comunnis)

Além de facilitar a digestão, este arbusto tem uma ação expetorante e antissética do aparelho respiratório. Contém ainda taninos, úteis no combate às diarreias.


As folhas de murta têm ação expetorante e antissética do aparelho respiratório. Além disso, esta planta é adequada para a pele e para as gengivas. A murta (Myrtus communis L.), da família das mirtáceas, é também conhecida por murta-dos-jardins, murteira ou murtinho. Cresce em matas e charnecas, sobretudo no litoral mediterrânico, até 800 metros de altitude. Trata-se de um arbusto que pode chegar a atingir três metros de altura, de caule muito ramificado e pequenas folhas persistentes, coriáceas.

Com cheiro semelhante ao característico da flor de laranjeira, flores brancas de estames numerosos e compridos, estilete saliente, aroma doce, delicado e apimentado, pequenas bagas pretas de sabor adocicado com notas de zimbro e alecrim. Mais abundante no centro e no sul de Portugal continental, esta variedade, uma uma espécie da família das Myrtaceae, é rara no norte do país. Além das folhas, que podem ser usadas em chá, as bagas e as flores também podem ser consumidas.

Símbolo do amor feliz

Existem inúmeras histórias e lendas associadas à murta, muito mencionada na mitologia grega onde era dedicada às deusas Vénus e Afrodite. Glorificada pelos poetas da antiguidade clássica, coroavam os herois com murta e também as esposas, como símbolo do amor feliz. No Antigo Testamento, as noivas usavam também grinaldas de murta. A madeira dos seus caules era queimada como incenso e das folhas e flores destiladas fazia-se uma água famosa, a água de anjo, que era utilizada como produto de beleza.

A murta foi, durante séculos, um dos condimentos mais utilizados na Europa até ao aparecimento das especiarias orientais, que as pessoas passaram a preferir. No entanto, nas ilhas mediterrânicas, nunca perdeu a sua importância. Na Córsega, ainda hoje é muito popular um licor feito a partir de uma maceração das bagas, que é utilizado como remédio digestivo. Na composição desta planta, encontram-se 14 ácidos gordos. Os insaturados, que representam cerca de 73,7% predominam, destacando-se o ácido oleico.
Propriedades e constituintes

Taninos, óleos essenciais e resinas são os seus principais constituintes. Os componentes ativos da murta são rapidamente absorvidos, dando à urina odor a violeta. As folhas têm uma ação expetorante e antissética do aparelho respiratório, sinusite, tosse e bronquite. Esta planta é útil também no tratamento de problemas do aparelho genito-urinário como cistite, corrimentos vaginais e uretrites. Os taninos são responsáveis pela sua ação adstringente e úteis no combate às diarreias.

Externamente, utiliza-se para tratar problemas de pele como psoríase, acne, infeções das gengivas ou hemorroidas. O óleo essencial desta variedade botânica é muito utilizado no fabrico de sabonetes e outros produtos de cosmética. Nos extratos de folhas, os principais compostos fenólicos presentes são os flavonoides, cumarinas e taninos, substâncias naturais com fortes e reconhecidos poderes antioxidantes.

Na culinária

Podem utilizar-se as folhas, flores e bagas, frescas ou secas. Utilizam-se as flores frescas em guarnições e saladas. As folhas combinam bem com tomilho ou segurelha para temperar pratos de carne ou com funcho para temperar peixe. Nos churrascos, queime uns raminhos de murta junto ao carvão, o que dará aos cozinhados um sabor semelhante ao zimbro. No sul da Itália, utilizam as folhas da murta como envoltório no fabrico de pequenos queijos. Entre nós, é bastante popular o licor de murta. Já alguma vez provou?


No jardim

A murta é uma planta muito resistente e de fácil cultivo. Em climas frios, desenvolve-se melhor dentro de casa nos meses de inverno. No exterior, pode e deve plantá-la em lugar seco e abrigado. Não a deve regar em excesso e tem de protegê-la da geada. As folhas podem ser colhidas durante todo o ano, as flores a partir de abril ou de maio e as bagas no outono ou, nalguns casos, na reta final do verão.


JARDIM

MURTA, O ARBUSTO MAIS EMBLEMÁTICO DE PORTUGAL

Ao longo da minha colaboração com a Jardins tenho escrito sobre espécies nativas de Portugal que podem ser utilizadas com sucesso no jardim. Iremos concentrarmo-nos nas que fazem parte do nosso catálogo de sementes de espécies autóctones e que são as mais adaptáveis em termos de solo e simultaneamente mais emblemáticas.

Plantas e arbustos da nossa flora que, arriscamo-nos a escrevê-lo, fazem arte do lote de “essenciais” a ter por perto. A murta, Myrtus communis, é a espécie a quem merecidamente damos a honra de abrir a série.

Como já tivemos oportunidade de escrever, se o sobreiro é a árvore de Portugal, a murta poderia muito bem ser o arbusto emblemático do nosso País.

Toponímia relacionada com a murta

Trata-se provavelmente da planta que está na origem de mais nomes na toponímia das nossas aldeias e vilas, sendo inúmeras as declinações: Murtal, Murteira, Murtosa, Almortão, povoam o país e provam que desde há muito que não somos indiferentes a este arbusto de folhas aromáticas e flores delicadas que ocorre em todo o País.

É verdade que é comum a toda a bacia do Mediterrâneo e sobre ela existe um extenso património cultural construído ao longo de milhares de anos. Considerada pelos gregos e romanos como símbolo da Paz e do Amor, a murta era uma planta sagrada, dedicada a Afrodite e a Vénus.

Ainda hoje a murta faz parte dos bouquets de casamento de muitas noivas um pouco por toda a Europa, e não é por acaso que o de Kate Middleton também tinha uns raminhos de uma murta plantada pela rainha Vitoria em 1845.

Descrição

Arbusto aromático de folha persistente, originário da região mediterrânica e Norte de África. Folhas opostas, verde-escuras na página superior e verde-claras na página inferior, brilhantes e aromáticas.

Flores completas aromáticas com floração na primavera. O fruto é uma baga azul-escura.

Propriedades da murta

Além da simbologia, a murta é uma planta que exala um agradável aroma a laranja e possui características que lhe têm conferido múltiplas utilizações, desde medicinal, no tratamento de doenças das vias respiratória e urinária, até ao uso alimentar e condimentar – flores, bagas e folhas, verdes ou secas são incluídas na confeção de diversos pratos e grelhados.

Em diversas regiões, as bagas – denominadas murtinhos – são usadas na fabricação de licores. Noutros países, é cultivada para extração dos óleos essenciais, utilizados na indústria da perfumaria e alimentar.

E se ter um arbusto no jardim, nosso e ainda por cima aromático, que remete o nosso  espírito para a paz e o amor, já seria mais do que suficiente para todos a termos por perto e em abundância, acrescentamos mais duas razões: a ornamental e a ecológica.

É um arbusto sempre verde que pode ser utilizado em sebes ou isolado, que não exige cuidados de maior (prefere solos pouco ou nada calcários, mas não excessivamente ácidos, bem drenados e sem exposição excessiva ao sol), suporta as geadas e as podas.

Do ponto de vista ecológico, as bagas são apreciadas por pequenas aves que lhe agradecem o alimento numa altura em que ele começa precisamente a escassear – o início do inverno.

Cultivo

As nossas sementes de Myrtus communis, colhidas em murtais do centro de Portugal, são uma boa opção para quem pretende começar por uma aposta segura em matéria de flora autóctone.

Com uma temperatura a rondar os 16º e luz q.b. pode ser semeada em qualquer altura e a sua germinação é praticamente garantida!

B.I.

Nome científico: Myrtus communis L.

Família: Myrtaceae

Altura: Até 5 m

Propagação: Por estaca.

Época de plantação: Todo o ano

Condições de cultivo: Suporta todo o tipo de solo, mas prefere solos mais secos.

Manutenção e curiosidades: Espécie rústica que não precisa de grandes cuidados de manutenção. Regas regulares nos períodos de maior calor. Podar no inverno ou início da primavera, antes da floração. Aguenta bem poda e topiária.






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